Alvean reduz previsão de superávit global de açúcar e alerta sobre riscos climáticos

A Alvean, a maior trading de açúcar do mundo, reduziu sua previsão de superávit global para a safra 2025-26, agora projetando apenas 400 mil toneladas. A empresa alertou que o mercado pode estar subestimando os riscos climáticos e de transporte no Brasil, que é o maior produtor de açúcar.

A nova estimativa representa uma queda significativa em relação ao superávit de 1,5 milhão de toneladas previsto há dois meses. Para a safra que termina em setembro de 2025, a Alvean prevê uma escassez de 5,5 milhões de toneladas. Os contratos futuros de açúcar bruto atingiram o menor nível desde 2021, refletindo a expectativa de um possível excesso de oferta.

Mauro Virgino, líder de inteligência comercial da Alvean, destacou que “há um pouco de complacência no otimismo em relação à produção”. Ele observou que, nos últimos sete anos, o setor enfrentou mais decepções do que surpresas positivas. A produção na região Centro-Sul do Brasil deve ser de 40,9 milhões de toneladas, podendo cair para 39,2 milhões de toneladas se a produtividade não melhorar.

Desafios Climáticos

A previsão de produção está atrelada ao processamento de 593 milhões de toneladas de cana, o que representa uma queda de quase 5% em relação ao ano anterior. A produtividade foi impactada pela seca em abril e maio, o que pode reduzir o volume processado para 575 milhões de toneladas. O embarque brasileiro tem funcionado como um “motor muito bem lubrificado”, permitindo que os países consumidores operem com estoques baixos.

A Alvean também indicou que o pequeno superávit global depende de uma recuperação na oferta asiática. A Índia deve aumentar sua produção para 31 milhões de toneladas, enquanto a Tailândia deve crescer para 11,1 milhões de toneladas. Virgino alertou que “as surpresas negativas podem vir da Ásia”, enfatizando a incerteza climática.

Expectativas de Preços

Os preços do açúcar devem permanecer entre 17 e 20 centavos de dólar por libra-peso, considerando um clima favorável na Ásia e uma produção brasileira de 41,5 milhões de toneladas. No entanto, interrupções podem elevar os preços para 19 a 24 centavos de dólar por libra-peso. A Alvean continua a monitorar as condições climáticas e a produção global para ajustar suas previsões.